quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Gentil Cardoso

Gentil Alves Cardoso, nascido a 5 de julho de 1906 no Recife, falecido a 8 de setembro de 1970 no Rio de Janeiro-RJ, é considerado o mais notável técnico pernambucano de todos os tempos.

O "Moço Preto" foi um dos maiores treinadores do futebol brasileiro nas décadas de 40 e 50. Era uma figura singular. Folclórico. Uma espécie de técnico-filósofo. Não raramente, citava Cícero, Sócrates, Gandhi e Sêneca. Tinha como marca registrada dirigir seus treinos com um inseparável boné e um megafone em punho. Foi pioneiro no uso de sistemas táticos no futebol brasileiro. Teve a primazia de revelar nada mais nada menos que Garrincha. Ganhou vários títulos. Porém, entrou para a eternidade por algumas de suas frases, que se incorporaram definitivamente ao vernáculo futebolístico, como "vai dar zebra", "futebol é uma caixinha de surpresas" e outras várias as quais veremos no final do post.

Em 1955, o frasista Gentil Cardoso estava voltando ao Recife para treinar o Sport. Uma fortuna foi gasta pelo então presidente Adelmar Costa Carvalho para trazer do Sudeste o famoso técnico. Sua principal missão: ser campeão do Cinquentenário do clube. 

O "Moço Preto" montou uma verdadeira seleção. Trouxe Ely do Amparo, médio com experiência de duas Copas do Mundo, e o goleiro Osvaldo Baliza, que também tinha passagem pela Seleção Brasileira. Além disso, formou a linha de ataque Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e Geo

Contudo, no início dos trabalhos, o time não estava dando resultado. Após uma desastrosa partida, Gentil desabafou: 

"Parece que a bola é redonda demais para meus meninos". 

O presidente Adelmar decidiu então chamar o técnico para uma conversa, que resultaria no histórico diálogo:

"O que há, Gentil? Pediste os jogadores, e eles aí estão. Qual o problema?"
"O time é bom, mas falta o entrosamento, presidente".
"Então contrata, contrata logo".

O entrosamento foi devidamente "contratado", e o time bailou no certame estadual. Gentil cumpriu sua missão, e voltou ao Sudeste como campeão pernambucano de 1955.

Em 1959, assumiu o comando técnico da Seleção Pernambucana para a disputa do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Conseguiu a façanha de ser vice-campeão, vencendo fortes adversários, como a Seleção Paulista de Pelé, Gilmar e Zito.

Ademir Menezes e Gentil Cardoso
no Sudeste
Naquele mesmo ano, a Seleção Pernambucana de Gentil representou a Seleção Brasileira no Sul-Americano Extra (atual Copa América), quando recebeu a tradicional alcunha de "Cacareco".

Somente ter treinado a Canarinho nesta situação extraordinária, aliás, foi uma das grandes frustrações de Gentil Cardoso, que alegava racismo: 

"Numa certa época, no Rio de Janeiro, entre três técnicos em evidência, eu era o único que preenchia os requisitos legais (para ser técnico da Seleção), além dos campeonatos conquistados. Terminei sendo preterido. Por dois calouros na profissão. Tudo por causa da cor. Nada mais..."

Em 1966, Gentil ainda retornaria ao Sport, mas sem o destaque da passagem anterior.

Gentil Cardoso e o Sport campeão do Cinquentenário.























Algumas das frases atribuídas a Gentil Cardoso:

"Vai dar zebra". (a zebra não faz parte do rol de animais do jogo do bicho, metáfora ao improvável no futebol)

"A melhor defesa é o ataque".

"Futebol é uma caixinha de surpresas".

"Quem não faz, leva".

"O craque trata a bola de você, não de excelência"

"Eu quero que vocês vão na bola como num prato de comida"

"Deem-me Ademir e lhes darei o título". (promessa cumprida integralmente...)

"Quem se desloca, recebe. Quem pede, tem preferência". (alguma semelhança com o Barcelona atual?)

"Só me chamam pra enterro, ninguém me convida pra comer bolo de noiva". (o técnico sempre era chamado para dirigir times em momentos de turbulência)

"Se a bola é feita de couro, se o couro vem da vaca e se a vaca come capim, então a bola gosta de rolar na grama e não ficar lá por cima; portanto, meus filhinhos, vamos jogar com ela no chão".


Vídeo de uma pequena entrevista com Gentil Cardoso em 1967, no Sudeste:

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Evolução ou Revolução?

Diante do atual contexto em que o Sport se encontra, vislumbro duas alternativas para a administração do clube nos próximos anos.

A primeira segue uma perspectiva prudente e comedida de evolução. A ideia-chave aqui é sanear o clube economicamente, sem correr grandes riscos, com a finalidade de possibilitar voos mais altos no futuro. O pagamento das dívidas é prioridade, as contratações do time são conservadoras e os investimentos no clube são escassos. É a travessia no deserto com a esperança da Terra Prometida.

A segunda opção é revolucionar. Administrar com maior tolerância a riscos. Visar a objetivos ousados a curto prazo. Provocar mudanças drásticas na estrutura do clube. Criar novas receitas. Investir. Mas com um detalhe: um erro aqui pode ser fatal.

Vejo em Gustavo Dubeux, à princípio, um revolucionário. O novo estádio é pura revolução. Os esforços nas categorias de base (que não se resumem a um "simples" centro de treinamento, como muitos pensam...) mudarão a cara do clube. A campanha de sócios Sport de Verdade já é uma realidade. Enfim, são várias as ações que eu poderia citar para ratificar meu pensamento. 

Mas quanto à formação do time? A atual gestão está assumindo uma posição arrojada ou conservadora? 

Neste sentido, até agora, pouco mudou. A postura "evolucionária" permanece. Contratações conservadoras, pouca ousadia, falta de criatividade e muitas apostas. O Sport de sempre, apenas um pouco mais metódico.

Uma pena, pois uma equipe vencedora é a engrenagem fundamental para a revolução. O sucesso esportivo é quem alavanca todas as receitas (sócios, bilheterias, patrocinadores, ações de marketing, prêmios e etc.). Crescimento que depois financia a formação de uma equipe ainda mais vitoriosa e outros investimentos no clube. É um círculo virtuoso. O Sport precisa lançar mão dele!

Será que a atual diretoria ainda revolucionará na formação do time? Grandes jogadores serão contratados? Esperemos os próximos dias...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vídeo: Chile 5x2 EUA na Ilha do Retiro - Copa do Mundo 1950

Vídeo sobre o jogo Chile 5x2 EUA pela Copa do Mundo de 1950, que aconteceu na Ilha do Retiro.
Única partida de Copa do Mundo realizada no Nordeste.
Uma relíquia para nós, rubro-negros!



*O vídeo não foi editado pelo blog, com exceção da introdução e do final, mas encontrado na própria Internet. O blog apenas tornou visível aquilo que estava invisível à grande torcida rubro-negra e à imprensa. Aproveitem!