Almir Morais de Albuquerque, o Almir Pernambuquinho, nascido a 28 de outubro de 1937 no Recife, falecido a 6 de fevereiro de 1973 no Rio de Janeiro-RJ, é considerado um dos mais talentosos e controvertidos jogadores da história do futebol nacional.
Atacante com enorme talento técnico, brigador e que tomava para si a responsabilidade de conquistar vitórias a qualquer custo, mesmo que para isto fosse necessário jogar sob os efeitos da anfetamina.
Entrou para o folclore do futebol brasileiro não apenas por suas jogadas geniais, ou por sua raça nas partidas, mas também por suas confusões dentro e fora de campo.
Em certa fase da carreira, foi chamado de "Pelá Branco", mas a alcunha que mais perfeitamente o descreve é de autoria do grande pernambucano Nelson Rodrigues: "Divino Delinquente".
Começou jogando pelas categorias de base do Sport. Em seu primeiro ato no futebol, resumiu o que viria a acontecer em toda sua carreira: conquistas e confusões. Não satisfeito apenas com a vitória que o tornou campeão pernambucano juvenil de 1955, ano do Cinquentenário do Sport, Almir vestiu as mãos com suas chuteiras e correu atrás de um torcedor alvirrubro, que o havia xingado durante toda a partida, até uma ponte próxima à Ilha do Retiro, onde enfim conseguiu surrá-lo.
No Sudeste, ganhou vários títulos, com destaque para os títulos da Taça Brasil de 1963 e 1964, Libertadores da América de 1963 e Mundial de Clubes de 1963. Nesta última conquista, teve a difícil missão de substituir Pelé:
"Eu peguei a camisa número 10 mais famosa do mundo e fiz uma promessa a mim mesmo: vou jogar por mim e pelo negão".
Acabou correspondendo à altura, inclusive cavando o penalty que gerou o gol do título. Não deixou, porém, de quebrar um jogador adversário.
Almir no Boca |
Jogou um tempo na Argentina, pelo Boca Juniors, onde foi campeão argentino de 1962, título com pouca participação do craque devido às contusões. Mas não deixou de aprontar por lá também. Foi numa partida contra o Chacarita:
“No começo do segundo tempo armei uma briguinha, e queria levar uns dois ou três comigo. Mas o juiz errou, somente eu fui expulso. Fui deixando o campo debaixo de vaias. Minha sorte foi a burrice de um jogador do Chacarita, que começou a me ofender. Chamei-o e ele quis dar uma de valente. Foi ele chegar e receber uma bolacha na cara. Todo mundo brigou, dois jogadores deles foram expulsos e eu entrei no vestiário como herói. Acabamos ganhando”.
Teve ainda passagem na Itália, vestindo a camisa da Fiorentina e do Genoa.
Pela Seleção Brasileira, foi pré-convocado para a Copa de 1958, mas fez corpo mole nos treinos para ser cortado:
“Seleção é coisa falsa. Os jogadores trocam porradas em seus times e aqui parece que nada aconteceu. Sou um homem que não aceita isso.”
Porém, apesar de sua antipatia pela Seleção, decidiu participar do Sul-Americano de 1959 (atual Copa América). Resultado: briga generalizada entre Brasil e Uruguai provocada, obviamente, pelo Pernambuquinho.
No total, jogou apenas 8 jogos pela Seleção, entre 1959 e 1960, marcando 2 gols e, claro, sendo expulso 1 vez.
Após parar de jogar, em 1973, acabou sendo assassinado com um tiro de revólver em uma briga, num bar de Copacabana. Acabava dessa forma a conturbada história do "Divino Delinquente".
“Quebrei a perna do Hélio, do América. Briguei com o time inteiro do Bangu na decisão do Campeonato Carioca de 1966. Paralisei o Milan num jogo em que o Santos se sagrou bicampeão mundial: dei um chega-pra-lá no Amarildo e chutei a cabeça do goleiro Balzarini. Agredi jogadores de outros times, briguei com tantos que até perdi a conta. Eu fui um marginal do futebol".
Vídeo do jogo Brasil x Uruguai pelo Sul-Americano de 1959 com participação de Almir Pernambuquinho:
Vídeo sobre uma das muitas brigas generalizadas em que Almir esteve envolvido:
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